Azeitona, Olea europaea

Área global: 4,5 milhões de hectares
Área no Campo Global: 5,6 m² (0,28%)
Região de origem: Mediterrâneo Oriental, Ásia Ocidental
Principais áreas de cultivo: Espanha, Itália, Grécia, Turquia, Marrocos
Utilizações / principais benefícios: Óleo, conserva como aperitivo

Imagina uma pequena árvore com folhas prateadas que conta a história de toda uma região. A azeitona é mais do que um fruto – é um símbolo de paz, cultura e prazer.
Há milhares de anos, começou o seu percurso no Mediterrâneo oriental, onde enriqueceu a vida das pessoas. Os reis e os poetas veneravam-na e o seu fruto era prensado para obter azeite, que era utilizado como alimento, medicamento e até combustível para lâmpadas.
Hoje, a azeitona traz o sabor do sol mediterrânico para as nossas mesas – quer seja sob a forma de um delicioso azeite ou de suculentos frutos em conserva. E, ao saboreá-los, lembramo-nos de que esta pequena árvore tem o poder de fazer história.

A oliveira

A oliveira(Olea europaea) pertence à família das oliveiras(Oleaceae). É uma árvore ou arbusto de folha perene que pode envelhecer muito. As oliveiras são conhecidas pelos seus troncos robustos e nodosos e pela sua folhagem prateada caraterística. As azeitonas desenvolvem-se bem em climas quentes e secos, com solos pobres. As temperaturas óptimas para a maturação das azeitonas situam-se entre os 15 e os 30 graus Celsius, mas também precisam de invernos suaves que durem cerca de dois meses, com temperaturas entre 1 e 10 graus Celsius.

As pequenas flores brancas e cremosas desenvolvem-se em frutos de caroço, as azeitonas, que começam por ficar verdes, depois avermelhadas, roxas e finalmente pretas, consoante o grau de maturação. O fruto contém um elevado teor de óleos, especialmente ácidos gordos insaturados, o que o torna particularmente valioso para a produção de azeite.

A rainha do Mediterrâneo

A história da oliveira(Olea europaea) remonta a mais de 6000 anos e teve início no Mediterrâneo oriental. A azeitona já era utilizada no Neolítico e domesticada na Idade do Bronze. A azeitona era uma componente central das civilizações da Ásia Ocidental, do Egito e da Grécia e era valorizada pelas suas múltiplas utilizações – como alimento, óleo de iluminação, cosmética e medicina. Na mitologia grega, a azeitona simbolizava a paz e a sabedoria.

Na Antiguidade, o ramo de oliveira era frequentemente utilizado como símbolo da paz. Na Grécia antiga, uma coroa de ramos de oliveira adornava os vencedores dos Jogos Olímpicos – um sinal de honra e glória. Mesmo no mundo moderno, o ramo de oliveira continua a ser um símbolo universal da paz, por exemplo, no emblema das Nações Unidas.

O significado histórico da azeitona mostra como esta planta está profundamente enraizada nas tradições culturais, económicas e simbólicas da humanidade. É mais do que uma simples planta cultivada – simboliza o património e a identidade da região mediterrânica.

Os romanos contribuíram significativamente para a difusão da azeitona no Mediterrâneo e aperfeiçoaram os métodos de cultivo e de produção de azeite. Ainda hoje se conservam vestígios de lagares romanos e de paisagens em socalcos. No século XVI, os colonos espanhóis levaram as oliveiras para a América do Sul e para a Califórnia.

Espanha, Itália, Grécia e Portugal estão entre os maiores produtores de azeitona e de azeite. Enquanto a Espanha é líder em termos de quantidade, Portugal, Itália e Grécia são conhecidos pelos seus azeites de alta qualidade. As azeitonas são conservadas e depois consumidas ou prensadas para obter o azeite, indispensável na cozinha mediterrânica. O azeite é também utilizado no pão, nas saladas, nas marinadas e nas frituras. O azeite é rico em ácidos gordos insaturados e antioxidantes, que podem prevenir doenças cardiovasculares e têm um efeito anti-inflamatório.

Sabias que?

Algumas oliveiras têm mais de 2.000 anos e ainda dão frutos. A oliveira mais antiga conhecida encontra-se em Vouves, em Creta (Grécia), e estima-se que tenha mais de 3.000 anos!

A olivicultura do futuro: sistemas agroflorestais

Nos locais onde a azeitona é cultivada em grandes monoculturas, a olivicultura conduz frequentemente à erosão dos solos e a um elevado consumo de água. A utilização de pesticidas é também muito comum nesta região, o que ameaça a biodiversidade. Por isso, os pioneiros estão a concentrar-se nos sistemas agroflorestais: Na Grécia, a azeitona é cultivada em conjunto com o trigo, a cevada, o milho e o grão-de-bico. Em Itália, a luzerna é plantada entre as oliveiras em alguns projectos de cultivo, mas os espargos de folha pontiaguda (Asparagus acutifolius L.) também são populares.

Os sistemas agroflorestais estão mais difundidos em Marrocos. Neste caso, a cultura da oliveira é combinada com uma variedade de culturas: outras árvores, como a figueira, a alfarrobeira ou o marmelo, cereais ou leguminosas. Estes métodos de cultivo promovem a biodiversidade e a saúde dos solos, ao mesmo tempo que proporcionam aos agricultores um rendimento melhor e mais seguro.

Fontes

Relatórios sobre a produção mundial de azeitona e os desafios da cultura moderna. (Base de dados da FAO)
Estatísticas sobre a produção de azeitona e a importância do azeite no comércio mundial. (Conselho Oleícola Internacional)
Artigo sobre o simbolismo e o papel da azeitona no Mediterrâneo antigo e a sua importância como símbolo da paz. (Olive Facts (BBC Earth)
Factos interessantes sobre a adaptabilidade e o papel da azeitona na agricultura mediterrânica. (Olive Facts (BBC Earth)
Significado cultural e histórico da azeitona na região mediterrânica. Livro: “The Olive Tree: A Mediterranean Legacy” Carol Drinkwater
Dhandapani et al. (2021): Adaptação prospetiva da cultura mediterrânica da oliveira na Índia. Liga.